segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ninguém é perfeito


Cada ser humano tem as suas particularidades, e isto é muito fácil de perceber, mas certamente muito difícil de aceitar. Cada um de nós tem as suas histórias, crenças e pensamentos que estão diretamente ligados à nossa criação, as experiências vividas na infância, os modelos familiares, os comportamentos adotados e os valores enraizados, constituem a essência de cada um de nós.


Muitos sofrem desnecessariamente por quererem mudar os outros de acordo com as suas crenças, e esquecem quão profundamente essas verdades estão estruturadas e enraizadas, dentro de cada um. E esta é a história abordada no livro Ninguém é perfeito de Ellen Flanagan Burns, Artmed.


Ana é perfeccionista e quando não pode ser a melhor, sente-se uma fracassada, adia compromissos, evita fazer coisas novas e, constantemente, se compara aos outros, convencida de que não é boa o suficiente naquilo que faz. Com a ajuda de seus professores e de sua mãe, Ana descobre como relaxar e tentar aprender novas coisas sem se preocupar tanto em ser a melhor. Com isso, consegue, então, ser apenas ela mesma – e isso é suficiente.



“Ninguém é perfeito mostra como o perfeccionismo extremado pode afastar-nos de uma vida prazerosa. Recomendo enfaticamente este livro para toda criança que sente a necessidade de ser perfeita.” (Martin M. Antony Professor de Psicologia, Ryerson University, Toronto)


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Dia D – 110 anos de Carlos Drummond de Andrade

Há 110 anos, nascia Carlos Drummond de Andrade!

Fonte Jornal do Brasil
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, teve seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conheceu Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e nessa mesma época deu início a uma longa correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu orientação literária. Em 1927, fixou-se em Belo Horizonte trabalhando como redator e depois redator-chefe do jornal Diário de Minas. Em 1928, publicou na Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que suscitou polêmica no meio literário. Dois anos depois publicou o primeiro livro, Alguma poesia, sob o selo imaginário de Edições Pindorama. Brejo das almas foi publicado em 1934, mesmo ano em que Drummond se transferiu para o Rio como chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde. Em 1940, publicou Sentimento do mundo. Só a partir de 1942 teve seus livros custeados pela José Olympio, editora em que permaneceu até 1984, depois passou a ser editado pela Record. A década de 1950 foi marcada pela publicação de obras importantes, como Claro Enigma, Viola de bolso, Fazendeiro do ar e Fala, amendoeira. Ao completar 80 anos, o escritor recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi homenageado com exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui Barbosa. Em 1984, decidiu encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos dedicados ao jornalismo. O poeta faleceu em 1987 deixando cinco obras inéditas: O avesso das coisas, Moça deitada na grama, Poesia errante, O amor natural e Farewell, além de crônicas e correspondências. Há livros de Drummond traduzidos para os idiomas alemão, búlgaro, chinês, dinamarquês, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, latim, norueguês, sueco e tcheco (Fonte Editora Record)

Os livros infantis escritos por Drummond são: O Elefante (1983), História de dois amores (1985), O pintinho (1988) e Rick e a Girafa (s.d.). Dentre estes o que marcou minha infância foi, sem dúvida, História de dois amores, uma história muito bonitinha e com as lindas ilustrações do Ziraldo, editado pela primeira vez em 1985.

O livro conta a história da pulga Pul que pousa na orelha do elefante Osborne e depois de algum tempo decide ficar ali para sempre. Os dois atravessam desertos, enfrentam inimigos, e no final encontram o amor que os torna felizes para sempre. Osborne descobre a felicidade em Zanzul e Pul apaixona-se por Quéria. O estilo é simples e tem a dose certa de poesia. Drummond elabora um texto que elege o amor como a única forma de conquista da felicidade porque ele não move apenas pulgas e elefantes, mas igualmente o sol e as estrelas. Com grande sensibilidade, Ziraldo acompanha com suas ilustrações, a narrativa de Drummond.


“Conversa vai, conversa vem, Pul acabou admitindo que o amor de Osbó e Zanzul não atrapalhava em nada as relações de Pul e Osbó. Eram sentimentos diferentes, que podiam existir juntos e abraçados. E Pul já estava meio arrependido de ter sido tão duro com o amigo. Daí, para que viver brigando? A paz na orelha de Osbó tinha seus encantos, e ele sentia falta de aconchego. Então, com muita elegância, Pul deu um pulo e instalou-se no antigo lugar em Osbó. Ele ficou todo contente, pois aquele pulguinho nervoso já fazia parte de sua vida. Todas as coisas, por pequeninas que sejam, têm lugar reservado junto de nós. E aquela não era uma coisa, era um ser vivo.”

Infelizmente o livro impresso encontra-se esgotado na editora, mas há a versão em audiobook da Luz da cidade, narrada por Odete Lara.


Recomendo para as crianças de todas as idades!

Que programas fazer com as crianças no feriado de 02 de Novembro?


O feriado está chegando e a pergunta que a maioria dos pais se fazem é: "O que fazer com as crianças no feriado?"

Pensando nisto, selecionei algumas dicas de programas em São Paulo:



1- Contação de história com Kiara Terra: João e o bicho papão

Data e Hora: Sábado, 3 de novembro às 16h
Livraria Cultura do Conjunto Nacional - Av. Paulista, 2073 - Bela Vista
Local: Loja da Cia das Letras




2-  Hora do Conto Zastras, com Marina Bastos

Data e Hora: Sábado, 3 de novembro às 16h 30
Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos - Av. Nações Unidas, 4777 - Jardim Universidade Pinheiros
Local: Espaço Café




3- Domingo é dia de Teatro: Qual o seu conto de fadas predileto? Com Kiara Terra
Data e Hora: Domingo, 4 de novembro às 15h e às 17h
Livraria Cultura do Shopping Market Place - Av. Dr. Chucri Zaidan, 902 - Vila Cordeiro
Local: Auditório
Classificação etária: A partir de 5 anos
Lotação: 99 lugares
*Seu ingresso é 1 kg de alimento não perecível.



4- Contos e Cantos "Malasartes das artes", com Bubiô Ficô Lô

Cidade: São Paulo/SP
Data e Hora: Domingo, 4 de novembro às 18h
Loja: Bourbon Shopping São Paulo - R. Turiassu, 2100 - Perdizes
Local: Auditório
Lotação: 125 lugares
Ingressos distribuídos a partir das 17h.





5- Contação de Histórias com a Cia. Farnel de Artes
Crianças que quiserem ouvir narrações de boas histórias podem aproveitar as contações que acontecem na sala de leitura infanto-juvenil da biblioteca Sérgio Milliet, no CCSP (Centro Cultural São Paulo).
Tipo de evento: Contadores de Histórias
Duração: 50 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 5 anos.
Centro Cultural São Paulo - Sala de leitura infanto-juvenil da biblioteca Sérgio Milliet, R. Vergueiro, 1.000 - Liberdade - Centro. Telefone: 3397-4002.
Quando: sábado e domingo: 14h30.


SESC Consolação, de 12/10 a 15/12.
Segunda a sexta, das 7h às 22h. Sábados e feriados, das 10h às 19h.
Exposição interativa que integra o projeto Outros Contextos, atividade que incentiva a leitura e a descoberta de novos autores por parte do público. As atividades programadas abordam a obra da escritora, tradutora, ensaísta, dramaturga e poeta Tatiana Belinky. Em sua trajetória, consagrou-se principalmente por sua obra para crianças. Seus livros e traduções já receberam diversos prêmios, como o Nestlé, o Jabuti e o "Melhor para Criança" da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil). 3º andar.
Livre para todos os públicos
Grátis


Depois de musicarem poemas de Ruth Rocha, a cantora Fortuna e o músico Hélio Ziskind (autor de sucessos do "Cocoricó") trazem para o palco sacis, rabanetes e bruxas. Os personagens vêm dos livros da escritora Tatiana Belinky, de 93 anos.
No show "Tic Tic Tati", com estreia no dia 12/10, há dez textos de Tatiana transformados em histórias cantadas. Elas são apresentadas por Fortuna e cinco bailarinos, que, em certo momento do espetáculo, ganham a visita de um coro de bruxas. Elas não botam medo e são bem afinadas!
QUANDO até 15/12, aos sábados, às 11h (apresentação também no feriado de 2 de novembro, às 11h)
ONDE Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, tel. 0/xx/11/3234-3000).
QUANTO de R$ 8 a R$ 2






segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Campanha Leia para uma Criança

Texto original publicado no site Constance Zahn: Babeis & Kids em 25 de Outubro de 2012.

"O Itaú está com um projeto muito legal de incentivo à leitura infantil que não poderíamos deixar de divulgar. Sabendo que leitura de histórias para crianças estimula o aprendizado e o desenvolvimento infantil, a ideia é ajudar a mudar para melhor o futuro do Brasil. Ao longo da campanha serão distribuídos em todo o país mais de 7 milhões de livros voltados para crianças, e junto com os livros, as pessoas também recebem um folheto com dicas de leitura.
Para aderir à mobilização é muito fácil, basta solicitar gratuitamente a coleção através do site: http://www.itau.com.br/itaucrianca
*Os números de livros são limitados, portanto quando receber seus livrinhos, leia para o maior número de crianças possível!
Abaixo, veja o vídeo da campanha “Leia para uma criança” e incentive outro adulto a fazer o mesmo."

O Amigo do Rei


Depois de muito tempo longe do blog resolvi voltar a escrever hoje, 29 de outubro, dia Nacional do Livro.
Comemoramos o dia Nacional do Livro hoje, pois foi nesta data em 1810, que a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, quando então foi fundada a Biblioteca Nacional localizada no Rio de Janeiro.

E a indicação de livro escolhido para hoje é O Amigo do Rei da Série Vou Te Contar!, editora Salamandra da autora Ruth Rocha.
Ruth Rocha nasceu em 1931 na cidade de São Paulo, onde sempre viveu. É graduada em Sociologia e Política pela Universidade de São Paulo e pós-graduada em Orientação Educacional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Começou a escrever artigos sobre educação para a revista Cláudia, em 1967 e em 1969 começou a escrever histórias infantis para a revista Recreio. Em 1976 teve seu primeiro livro editado, tendo publicado mais de cem livros no Brasil e vinte no exterior, em dezenove diferentes idiomas. Em 2002 ganhou o prêmio Moinho Santista de Literatura Infantil, da Fundação Bunge. Também nesse ano foi escolhida como membro do PEN CLUB - Associação Mundial de Escritores no Rio de Janeiro. Atualmente é membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta

“No Brasil, no tempo da escravidão, brancos e negros não podiam ser amigos não.
Mas, para as crianças, quem manda é o coração. E o escravo Matias era amigo de Ioiô, seu patrão.
Brincavam e brigavam, indiferentes a qualquer lei, sem saber que, um dia, um deles ainda seria rei.”

O Amigo do Rei conta a história da amizade entre o escravo Matias e Ioiô, filho do patrão. Ambientada há muito tempo atrás, quando no Brasil ainda existia a escravidão, um menino muito esperto dizia que seria rei. Matias era negro e morava na Senzala e nasceu na mesma época que Ioiô, menino branco da Casa Grande. Eles aprenderam a brincar juntos, mas na hora das brigas, adivinha quem tinha razão? Eles aprontam e deixam o pai de Ioiô furioso. Os garotos levaram aquela surra. Magoados, resolvem fugir pela mata, lugar de várias surpresas, onde sonhos de liberdade podem se tornar reais.

A história mostra situações e personagens que valorizam a independência de pensamento e a ousadia necessária para buscar seus sonhos.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Curso Multiprofissional de Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência (CESMIA)


É de se lamentar que ainda hoje exista um enorme hiato e desarticulação entre o que se produz na universidade pública, em termos de pesquisas científicas relacionadas ao campo da saúde, e o que se produz nos serviços públicos de saúde, em termos de conhecimentos e experiências acumuladas na prática clínico-institucional.
    O Curso Multiprofissional de Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência (CESMIA) representa uma proposta inovadora de formação profissional para seu público alvo multiprofissional, pois oferece conteúdo curricular abrangente e transdisciplinar e metodologias pedagógicas ativas, com o objetivo de ultrapassar o hiato existente entre ensino e trabalho, entre ciência e prática, e entre pesquisa e clínica.
    O CESMIA terá carga horária de 360 horas, a ser realizado no período de Março de 2012 a Maio de 2013, e será dividido em nove Disciplinas: fundamentos do cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes; aspectos relevantes sobre desenvolvimento normal; avaliação e diagnóstico; metodologia de pesquisa; psicopatologia da infância e adolescência; intervenções em saúde mental da infância e adolescência; uso prejudicial de álcool e outras drogas e situações de vulnerabilidade de crianças e adolescentes; gestão e organização do cuidado em saúde mental para crianças e adolescentes; discussões casos clínicos e institucionais abordando a complexidade do cuidado interdisciplinar na infância e adolescência.
    Todas as atividades do CESMIA utilizam técnicas pedagógicas ativas, estruturadas nos seguintes componentes: discussões de casos clínico-institucionais abordando a complexidade do cuidado interdisciplinar de crianças e adolescentes; aulas expositivas; seminários para discussão de capítulos de livros ou artigos; seminários sobre metodologia de pesquisa e trabalho de conclusão de curso.
    As inscrições para o CESMIA estão abertas até dia 15 de fevereiro de 2012, com informações através de email (mailto:cesmiaunifesp@gmail.com) e/ou telefone (11-9155-4194)









sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os super-heróis e o apego na infância

Texto escrito por Dionis Soares

Este é um post dedicado a um artigo elaborado como trabalho de conclusão do curso de Psicologia do Centro Universitário Jorge Amado tendo como tema, “A influência dos super-heróis no processo de diferenciação do Self em crianças”.  O objetivo do artigo é analisar como a identificação com os super-heróis influencia as crianças no processo de diferenciação de Self.

O trabalho se baseou na idéia de que os super-heróis influenciam as crianças no seu processo de diferenciação do Self, que os comportamentos advindos do super-herói por meio de imitação funcionam para a criança como meio de se diferenciar da família de origem, e ir de encontro com seu self pessoal, tendo em vista também o papel da mídia na formação do apego infantil a esses heróis. A identificação da criança com seu super-herói, juntamente à forma como a veiculação do mesmo é proporcionada pela mídia, tem como resultado a assimilação das características desses heróis pelas crianças, influenciando assim no processo de auto-referência.
O conceito de self tem se tornado central nas teorias psicológicas, visto que a própria ciência da Psicologia já traz consigo algumas dessas noções, como a individualidade e a intersubjetividade.
O self pode ser considerado como a capacidade de uma pessoa em se auto-referenciar como indivíduo, de se distinguir como sujeito perante o objeto. Logo ao nascer, a criança vive um intenso estado de fusão com a mãe, estando uma ligada à outra emocionalmente, no decorrer dos anos a criança tem como função se tornar indivíduo, se tornar uma pessoa emocionalmente independente (BOWEN, 1988, tradução de VASCONCELOS, 2009).
Bowen considera que todo ser humano tem em si uma energia que o impulsiona ao processo de individuação, tornando-se uma pessoa emocionalmente mais autônoma, porém ninguém é completamente individuado, pois o vínculo inicial nunca é totalmente quebrado, havendo uma diferença entre vínculo inicial mantido e massa indiferenciada do Eu familiar.
No momento em que a criança se diferencia de sua família ela é estimulada e regida por uma energia de individuação. Nessa fase, o mundo é sentido pela criança como uma gama de percepções, a partir desses estímulos, ela começa a apresentar suas próprias vontades, a elaborar-se como indivíduo perante o mundo, a diferenciar-se.
Para Bowlby (1982), os bebês a partir do apego inicial formado com os pais ou com figuras de apego, criam modelos internos funcionais, baseando-se em um apego seguro ou inseguro. Esse modelo de relação também pode ser repetido, feito um molde, em outras relações futuras. Nos primeiros anos de vida, o apego formado pela criança é relacional, ou seja, formado por relações específicas e individuais, sendo a qualidade da relação a segurança da criança naquele indivíduo.
A figura de apego além de proporcionar a criança uma base-segura, funciona também como meio de explorar o ambiente, fornecendo uma base sólida e estável para que a mesma se sinta a vontade para “ir” e “vir” na relação segura. Em uma visão contemporânea pode-se entender o apego como um vínculo além da díade mãe-filho, como um fenômeno relacional, abrangendo figuras parentais de modo geral, amizades, entre outros contextos vividos pela criança.
Para Fromm (1990), o apego é gerado por um anseio profundo de desamparo e essa figura de apego pode ser de toda espécie, um professor, um astro de cinema, ou até os ídolos, sejam eles reais ou imaginários. O ídolo seria uma figura necessária ao homem, tendo como função dar apoio e força, essa figura do ídolo, do herói, sempre fez parte da história do homem, desde a mitologia grega. Essa vinculação ao ídolo se daria pelo fenômeno da transferência, que é encontrado durante toda a vida, principalmente em relações duradouras de amizade e afetividade.
Pelo vínculo formado ao super-herói, a criança absorve os aspectos do mesmo nesse processo de diferenciação de sua família de origem. O papel da mídia no apego infantil a esses heróis é ativo, a maneira como a mesma veicula a imagem desses ídolos infantis, os associando aos efeitos especiais, jingles, cores fortes e explosões, cria na criança um apelo à imitação de comportamento, que pode ser internalizado e integrado como um traço da identidade na infância (FLORES, 2003).

A mídia atual fugiu do seu papel de divertimento e lazer, se tornando um instrumento pelo qual o mundo é apresentado ao indivíduo, muitas vezes, sendo esse o único instrumento. A maneira como a imagem dos heróis são passadas às crianças geram elementos de imitação, pois os mesmos propõem um mundo lúdico e de magia, com personagens caracterizados como fortes e guerreiros, traços e cores peculiares juntamente com o jingle no momento em que aparecem despertam a atenção das crianças e a manutenção das mesmas em frente a tela (MUNARIM, 2004). Como no caso dos Power Rangers, a aparição dos heróis é acompanhada por explosões, cores fortes e grande apelo visual. 
O processo de diferenciação de self ocorrido na infância e a ligação das crianças aos ídolos revelam a importância dos mesmos nessa fase do desenvolvimento e também a influência que se pode exercer no imaginário infantil, nos comportamentos e condutas da criança perante a sociedade.
É comum da infância, imitar o que se percebe e a realidade que se cerca, sendo assim os valores trazidos e externalizados pelo herói são copiados pela criança, modelando sua conduta. A imagem do herói de hoje,

está embutida de estereótipos de gêneros que influenciam na formação dos valores da criança. Para os meninos [...] um padrão de masculinidade machista, como a violência e a agressividade. Já com as meninas é explorada a feminilidade baseada na delicadeza e no padrão físico europeu ocidental (ALVES; DAMÁSIO; LIMA, 2010, p. 6).

De acordo com Mota (2003), os heróis da atualidade são personagens altamente agressivos, com o estereótipo masculino negativo, demonstrando sua virilidade fazendo uso demasiado de armas e violência. Essa versão de masculinidade apresentada a garotos em idade de construção e empossamento de si, pode promover comportamento violento nos mesmos, visto que há uma banalização da violência, sendo usada inclusive como meio de se obter o desejado.
A identificação na infância com um herói também tem benefícios. Há uma proporção educativa na imagem dos super-heróis, principalmente no aspecto de valores morais. Entendendo educação não somente como método em sala de aula, o processo de imitação dos comportamentos apresentados pelo ídolo também é um processo de aprendizagem para a criança (FOGAÇA, 2003).

Desde nossa infância até a idade adulta, os super-heróis podem nos lembrar da importância da autodisciplina, do auto-sacrifício e de nos devotarmos a algo bom, nobre e importante. Eles podem ampliar nossos horizontes mentais e apoiar nossa determinação moral, enquanto nos entretêm. Não precisamos dizer que os quadrinhos de super-heróis têm a intenção de ser instrutivos ou de natureza moralista. (...) Os super-heróis mostram-nos que os perigos podem ser enfrentados e vencidos. Eles exibem o poder do caráter e da coragem acima da adversidade. E assim, até quando lidam com nossos medos, os super-heróis podem ser inspiradores (PAIVA apud LOEB; MORRIS, 2005, p 28).

Para o desenvolvimento do artigo mencionado, foi realizada uma análise do comportamento infantil, relacionando-o aos heróis de escolha da criança. Para tal análise, foram realizadas entrevistas lúdicas com as crianças e em paralelo técnicas de dramatização, necessárias para recriar e analisar comportamentos e experiências infantis com base nas teorias apresentadas no referencial teórico. Os resultados e discussões obtidos estão baseados nos dados colhidos com seis crianças, três meninos e três meninas.
Os achados apontaram para a inter-influência da identificação com os super-heróis e o processo de construção da autonomia nas crianças participantes desse estudo, quando se toma a relação com suas famílias de origem. É comum o uso do herói nessa fase do desenvolvimento humano (dos cinco aos dez anos) como metáfora das relações mais próximas que a criança forma com as pessoas mais significativas, como sua família. Foi entendido que as características identificadas no herói assim como suas ações são internalizadas pelas crianças que passam a se comportar como eles, isso leva a compreensão da necessidade, em um dado momento do desenvolvimento, de figuras mesmo que imaginárias, como forma de descolamento dos pais.
Foi percebido pelo contato com as crianças que a existência do herói é comum a infância e que as mesmas possuem uma identificação intensa com os ídolos da mesma faixa etária, sendo que os meninos se identificam com o estereótipo masculino e as meninas com o feminino. O super-herói é usado como um meio de socialização entre as crianças, um meio de interação e aceitação entre as mesmas, pois a partir desse contato a criança se fortalece, canaliza seus sentimentos e lida com os dilemas do dia-a-dia. Os aspectos vistos como positivos no herói de escolha são trazidos pelas crianças como delas, em uma tentativa de internalizá-los, elas aderem aos comportamentos que desejam possuir do herói, como no caso da pesquisa a característica de ser “rápido” e vencer as corridas na escola.
Acredito que a pesquisa apresentada seja um bom questionamento para trabalhos futuros, visto que o herói é necessário a criança nessa fase do desenvolvimento, sendo uma forte figura de imitação e contato com o self pessoal. Sendo um tema cotidiano, é importante sua pesquisa e divulgação.

Segue indicação de algumas referências:




Bowlby, John, APEGO E PERDA 1 -Apego, A Natureza do Vínculo, 3ª edição, Martin Fontes, 2002







Osório, L. C. e Valle, M. E. P.(org.), MANUAL DE TERAPIA FAMILIAR, EditoraArtmed, 2009









Ramalho, Cybele M. Rabelo; Corumba, Rosa M.Nascimento; DESCOBRINDO ENIGMAS DEHERÓIS E CONTOS DE FADAS: ENTRE A PSICOLOGIA ANALÍTICA E O PSICODRAMA, Ed.Profint, 2008.











Sodré, Muniz; SOCIEDADE, MÍDIA EVIOLÊNCIA, EDIPUCRS, 2006