Fonte Jornal do Brasil |
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nasceu em
Itabira, Minas Gerais. Em 1921, vivendo em Belo Horizonte com a família, teve
seus primeiros trabalhos publicados no Diário de Minas. Em 1924, conheceu Mário
de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e nessa mesma época deu
início a uma longa correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu
orientação literária. Em 1927, fixou-se em Belo Horizonte trabalhando como
redator e depois redator-chefe do jornal Diário de Minas. Em 1928, publicou na
Revista de Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que suscitou
polêmica no meio literário. Dois anos depois publicou o primeiro livro, Alguma
poesia, sob o selo imaginário de Edições Pindorama. Brejo das almas foi
publicado em 1934, mesmo ano em que Drummond se transferiu para o Rio como
chefe de gabinete de Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde. Em
1940, publicou Sentimento do mundo. Só a partir de 1942 teve seus livros
custeados pela José Olympio, editora em que permaneceu até 1984, depois passou
a ser editado pela Record. A década de 1950 foi marcada pela publicação de
obras importantes, como Claro Enigma, Viola de bolso, Fazendeiro do ar e Fala,
amendoeira. Ao completar 80 anos, o escritor recebeu o título de doutor honoris
causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e foi homenageado com
exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Fundação Casa de Rui
Barbosa. Em 1984, decidiu encerrar a carreira de cronista regular, após 64 anos
dedicados ao jornalismo. O poeta faleceu em 1987 deixando cinco obras inéditas:
O avesso das coisas, Moça deitada na grama, Poesia errante, O amor natural e
Farewell, além de crônicas e correspondências. Há livros de Drummond traduzidos
para os idiomas alemão, búlgaro, chinês, dinamarquês, espanhol, francês,
holandês, inglês, italiano, latim, norueguês, sueco e tcheco (Fonte Editora Record)
Os livros infantis escritos por Drummond são: O
Elefante (1983), História de dois amores (1985), O pintinho (1988) e Rick e a
Girafa (s.d.). Dentre estes o que marcou minha infância foi, sem dúvida, História
de dois amores, uma história muito bonitinha e com as lindas ilustrações do
Ziraldo, editado pela primeira vez em 1985.
O livro conta a história da pulga Pul que pousa na
orelha do elefante Osborne e depois de algum tempo decide ficar ali para
sempre. Os dois atravessam desertos, enfrentam inimigos, e no final encontram o
amor que os torna felizes para sempre. Osborne descobre a felicidade em Zanzul
e Pul apaixona-se por Quéria. O estilo é simples e tem a dose certa de poesia. Drummond elabora um texto que elege o amor como a única forma de
conquista da felicidade porque ele não move apenas pulgas e elefantes, mas
igualmente o sol e as estrelas. Com grande sensibilidade,
Ziraldo acompanha com suas ilustrações, a narrativa de Drummond.
“Conversa vai, conversa vem, Pul acabou admitindo
que o amor de Osbó e Zanzul não atrapalhava em nada as relações de Pul e Osbó.
Eram sentimentos diferentes, que podiam existir juntos e abraçados. E Pul já
estava meio arrependido de ter sido tão duro com o amigo. Daí, para que viver
brigando? A paz na orelha de Osbó tinha seus encantos, e ele sentia falta de
aconchego. Então, com muita elegância, Pul deu um pulo e instalou-se no antigo
lugar em Osbó. Ele ficou todo contente, pois aquele pulguinho nervoso já fazia
parte de sua vida. Todas as coisas, por pequeninas que sejam, têm lugar
reservado junto de nós. E aquela não era uma coisa, era um ser vivo.”
Infelizmente o livro impresso encontra-se esgotado
na editora, mas há a versão em audiobook da Luz da cidade,
narrada por Odete Lara.
Recomendo para as crianças de todas as idades!
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