sábado, 28 de maio de 2011

Chapeuzinho Amarelo

Dando continuidade ao tema “medos” abordado na indicação do livro no post anterior, tenho outra sugestão: Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque, José Olympio Editora.

O livro conta a história de uma menina que sente medo do medo, medo do desconhecido. Este medo é representado no livro pela figura do Lobo. Com esse medo Chapeuzinho Amarelo deixa de fazer muitas coisas relacionadas ao cotidiano infantil tais como não ir a festas, não ouvir conto de fadas e até mesmo de brincar. No decorrer do livro a menina enfrenta seu principal medo de frente, que é o do Lobo, tornando-o um inofensivo Bolo. Esta transformação é feita de forma brilhante por Chico Buarque ao escrever diversas vezes a palavra lobo em separação silábica que aos poucos torna-se bolo.

“LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO”

O livro possibilita trabalhar o enfrentamento dos medos que povoam o imaginário infantil através da alternativa escolhida por Chapeuzinho Amarelo, ou seja, analisar o medo e poder perceber que o medo de sentir medo é maior do que o próprio objeto de medo.
Mesmo ensinado a criança que podemos enfrentar o medo não podemos minimizar o que ela sente. O medo é uma reação natural em que fazemos a avaliação de um evento como perigoso ou ameaçador. Esta avaliação é diferente para cada pessoa e o mesmo evento que para uma pode causar muito medo para outra não.
O medo causa reações físicas desconfortáveis como suor, o aumento do ritmo cardíaco e respiratório e tensão muscular. Então mesmo quando dizemos para a criança que “não sinta medo” ou “você já é grande para ter medo”, o comportamento que esperamos pode não acontecer já que o corpo da criança está dando sinais de que ela está com muito medo.
Por isso, ensinar aos poucos que todos têm medo e que podemos ter alternativas para lidar com eles é muito importante. Neste ponto as histórias são um grande aliado, já que a criança por meio delas poderá primeiramente aprender a lidar com o medo do outro, o medo dos personagens dos livros, para depois poder lidar com o seu próprio medo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Começando...


Fiquei pensando por onde começar... relembrei minha infância, comparei situações por mim vividas com as das crianças que pude acompanhar o desenvolvimento e também com as enfrentadas pelos meus pequenos no consultório. Percebi então o que é quase lógico!
Crianças adoram histórias. Podem ser um clássico dos contos de fadas, a história de sua própria vida, as inventadas, as de terror, as de romance, enfim, adoram histórias.
Adultos contando histórias para crianças é uma atividade comum em diversas situações. Pode ser no momento de colocar o filho para dormir, a professora na escola, no consultório do psicólogo, na hora do reforço escolar ou em uma situação que é preciso deixar a criança quieta por algum tempo.
Então, podemos perceber que as histórias infantis são normalmente usadas como uma forma de distração e entretenimento para crianças. Entretanto, algumas vezes, passa despercebido que essas mesmas histórias podem ser escolhidas adequadamente para cada situação e nos ajudar a participar do mundo infantil, da linguagem infantil e assim podemos estabelecer uma conversa dentro de um contexto no qual elas possam se expressar e nos entender de forma mais adequada.
O conteúdo da história a ser abordado pode ser escolhido dependendo do momento de vida da criança, dos conflitos pelos quais ela está passando. Assim, a escolha da história pode possibilitar à criança uma melhor investigação e a aprendizagem sobre o mundo que a cerca, favorecendo aspectos cognitivos, simbolização do mundo interior de pensamentos e afetos, por meio da imaginação.
Bettelheim (2007), afirma que os problemas infantis, como a necessidade do amor, do medo e do desamparo, da rejeição e da morte, são colocados nas histórias em lugares fora do tempo e do espaço, mas reais para crianças.

Por enquanto, deixo a indicação de um livro através do qual podemos abordar os medos, muitas vezes reais, tais como o medo do escuro, de ficar sozinho e da pobreza: A Princesinha Medrosa de Odilon Moraes, Editora Cosac Naify.

domingo, 22 de maio de 2011

A maior flor do mundo - José Saramago (2001)

"E se as histórias para crianças
passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?
Seriam eles capazes de aprender realmente
o que há tanto tempo têm andando a ensinar?"
                                                                     (Saramago, 2010)